Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.
Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
- não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
- mais nada.
Cecília Meireles
- Obrigada pelo carinho, pelo equilíbrio, pela presença, pela saudade, pela lembrança, pela poesia, pela música, pelo gostar, pelo sorriso, pela coragem... E por tudo o que não cabe nesta página.
2 comentários:
Para mim,existem muito poucos poemas mais lindos que esse.Fico feliz de ve-lo aqui.Grande abraço.Cada vez gosto mais de seu blog,numa blogosfera muitas vezes inócua e sem encanto.Parabéns.
ainda bem que se pode sentir saudade. que se pode agradecer.
é doído, mas é sen-ti-r, muitos não tem o privilégio.
este é um dos meus poemas preferidos, juntamente com a "lua adversa".
inté.
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