Vou-me embora! Vou de férias!
"Mais uma vez!" dirão muitos... mas se não for o meu cérebro explode...
Finalmente Barcelona! A menina dos meus olhos... E só me vem a cabeça um poema de Manuel Bandeira que me é tão querido por inúmeras circunstâncias...
Deixo-vo-lo para que leiam em voz alta...
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconseqüente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira in "Bandeira a Vida Inteira"
6 comentários:
Todos temos direito a elas.
Elas são-nos indispensáveis.
Um beijo e até breve.
e é inevitável... partir!...
....volta logo!*
Luisa Terna caridosa
....volta logo!*
Luisa Terna caridosa
Belo poema :)
Há tanto tempo que não lia este poema que me invadiu a nostalgia... Andar por aqui tem destas coisas...encontrar-mo-nos onde menos esperamos.
Obrigada pelas boas lembranças que me trouxeste.
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