Não sei ao certo porquê... Sei apenas que já não tenho chave para o teu armário. Perdi até a noção de como chegar até ele. Se não fosse hoje uma mensagem enganada, num número trocado ao passar os números para o telemóvel novo, nem sequer me ocorreria falar contigo.
Mas, lá foi mais uma destas travessuras que a vida teima em pegar-nos.
Ligaste de volta e nem sequer já te reconheci a voz.
Recordo-te ainda criança quando fazíamos a dupla imbatível, na escola, a jogar berlindes, ao pião e ao futebol. Quando nenhum rapaz nos metia o menor temor. Quando riamos, corríamos e subíamos às arvores. Quando nos sentávamos nos muros exaustas e transpiradas de mãos dadas, pousadas nas pedras, sem qualquer intenção. Quando tínhamos sonhos e projectos futuros. E quando falávamos uma língua inventada, que ninguém entendia, nem mesmo nós, só para sermos diferentes dos outros, só para demonstrarmos a nossa diferença. Irónico não é? A nossa diferença era já então outra. É outra. Mas insistes em não ver isso.
Tivemos um percurso tão igual. Será que fomos nós que nos fizemos assim pelas próprias mãos? Gostava de poder falar contigo horas a fio... Mas essa tua insistência, omissa, em não saíres do armário é simplesmente uma barreira para mim, além de todas as outras que tivemos, desde que saímos daqui na terrinha: estratos sociais, escolas diferentes, moradas diferentes, amigos diferentes.
Se ao mesmo naquela altura existissem telemóveis... Perdemo-nos. E fomo-nos encontrando uma ou outra vez. Uma ou outra noite tentando contar tudo em algumas horas que vivemos em muitos dias. Não, isso não resulta e nem sequer me lembro de ti quando me lembro dos meus amigos.
Mas hoje quando me enganei não era a ti que eu tentava convidar. Não, não era para ti a mensagem que recebeste mesmo que eu tenha a certeza que tantas vezes a desejaste. Não é, nem será, sabes? Perdi o roteiro entre mim e ti. Achei até hoje que também o tivesses perdido. Mas vi que não. Logo tu, tão perseverante nos teus objectivos, como poderia eu pensar assim. Como? Fizeste na vida tudo aquilo que nós tínhamos sonhado. Tudo. Carreira, desporto, estabilidade, família, viagens. Esqueceste foi que esses sonhos eram meus também. Esqueceste de me levar contigo de alguma forma quando deixei de poder seguir pelo mesmo percurso que tu.
Perguntavas-me onde passava a passagem de ano, no intuito de um convite que nunca irá chegar. Quando te perguntei pelo casamento, dizes-me que vais casar para fazer o gosto aos teus pais! E eu concluo que já não és tu que eu conheço. Contudo não pude deixar de notar o temor da tua resposta. Conheço-te bem como a mim. Fomos construídas da mesma terra. Mas talhadas por diferentes mãos.
Desligas-te mandando de imediato uma mensagem dizendo aquilo que não foste capaz de dizer com a voz. Sei que era o teu grito. A tua vontade de que te vá buscar nesse mundo de perfeição onde te encontras. Mas não, não sou eu que tenho a chave para esse lugar. Continuo despistada como sempre, não sei ao certo onde foi que eu guardei a tua chave. Temo não a voltar a encontrar neste meu mundo desordenado e saltitante.
Pode ser que um dia ainda te diga isto que escrevo... eu jeito de desabafo de mim comigo, pois há muito que deixei de precisar de ti.
Mas, lá foi mais uma destas travessuras que a vida teima em pegar-nos.
Ligaste de volta e nem sequer já te reconheci a voz.
Recordo-te ainda criança quando fazíamos a dupla imbatível, na escola, a jogar berlindes, ao pião e ao futebol. Quando nenhum rapaz nos metia o menor temor. Quando riamos, corríamos e subíamos às arvores. Quando nos sentávamos nos muros exaustas e transpiradas de mãos dadas, pousadas nas pedras, sem qualquer intenção. Quando tínhamos sonhos e projectos futuros. E quando falávamos uma língua inventada, que ninguém entendia, nem mesmo nós, só para sermos diferentes dos outros, só para demonstrarmos a nossa diferença. Irónico não é? A nossa diferença era já então outra. É outra. Mas insistes em não ver isso.
Tivemos um percurso tão igual. Será que fomos nós que nos fizemos assim pelas próprias mãos? Gostava de poder falar contigo horas a fio... Mas essa tua insistência, omissa, em não saíres do armário é simplesmente uma barreira para mim, além de todas as outras que tivemos, desde que saímos daqui na terrinha: estratos sociais, escolas diferentes, moradas diferentes, amigos diferentes.
Se ao mesmo naquela altura existissem telemóveis... Perdemo-nos. E fomo-nos encontrando uma ou outra vez. Uma ou outra noite tentando contar tudo em algumas horas que vivemos em muitos dias. Não, isso não resulta e nem sequer me lembro de ti quando me lembro dos meus amigos.
Mas hoje quando me enganei não era a ti que eu tentava convidar. Não, não era para ti a mensagem que recebeste mesmo que eu tenha a certeza que tantas vezes a desejaste. Não é, nem será, sabes? Perdi o roteiro entre mim e ti. Achei até hoje que também o tivesses perdido. Mas vi que não. Logo tu, tão perseverante nos teus objectivos, como poderia eu pensar assim. Como? Fizeste na vida tudo aquilo que nós tínhamos sonhado. Tudo. Carreira, desporto, estabilidade, família, viagens. Esqueceste foi que esses sonhos eram meus também. Esqueceste de me levar contigo de alguma forma quando deixei de poder seguir pelo mesmo percurso que tu.
Perguntavas-me onde passava a passagem de ano, no intuito de um convite que nunca irá chegar. Quando te perguntei pelo casamento, dizes-me que vais casar para fazer o gosto aos teus pais! E eu concluo que já não és tu que eu conheço. Contudo não pude deixar de notar o temor da tua resposta. Conheço-te bem como a mim. Fomos construídas da mesma terra. Mas talhadas por diferentes mãos.
Desligas-te mandando de imediato uma mensagem dizendo aquilo que não foste capaz de dizer com a voz. Sei que era o teu grito. A tua vontade de que te vá buscar nesse mundo de perfeição onde te encontras. Mas não, não sou eu que tenho a chave para esse lugar. Continuo despistada como sempre, não sei ao certo onde foi que eu guardei a tua chave. Temo não a voltar a encontrar neste meu mundo desordenado e saltitante.
Pode ser que um dia ainda te diga isto que escrevo... eu jeito de desabafo de mim comigo, pois há muito que deixei de precisar de ti.
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