Na cama tinha sal. E mel. Alguma água escorria ainda pela cabeceira. E podia ver-se alguma cor… Algumas cores, aliás. Um Arco-Íris (oh! Íris ...) esgotado e mole movia-se pelos lençóis rosados. Havia um amontoado de gemidos, de gritos e sangue vermelho ensurdecedor entre a cabeceira e os pés. Quantos pés? Aos dois pares de cada vez. Ou mais.Era possível ver algum carinho e ternura, enroscado junto à almofada e junto à travesseira. Algumas coisas agradavam-me ,outras não. Não me deitei como me pedia. Abri a janela perra e velha ao fundo. Suguei tudo - lençóis, colchão, e manta – janela fora freneticamente. Pintei uma cama-azul-sol-azul e foi lá deitadas que me desfez a tela.
2 comentários:
poética prosa. melódica, rítmica, sonora.
eu coloco sal na cama. e recito o segundo soneto.
Hmmm :) É muito bom ler-te. Tu sabes.
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