24 junho, 2005

TRADUZIR-SE

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.

uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.

Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.

Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.

Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.

Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

Ferreira Gullar

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Auto-retrato claro-escuro

4 comentários:

Anónimo disse...

Você é perfeita.

manhã disse...

adoro o poema, somos uma totalidade e, às vezes, ok, concedo, muitas vezes, contradição!

AlmaAzul disse...

Obrigada pelo exagero ticiana ;)

manhã, somos ums totalidade dual em constante contradição/oposição. ;)


***azuis

Anónimo disse...

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