02 fevereiro, 2010

Jogar a vida

A vida é como um jogo de estratégia que é jogado pela primeira e última vez. É um jogo obrigatório a todos que escolhemos vir até aqui. Há mesmo quem acredite que antes de virmos escolhemos certos intervenientes no jogo, certos obstáculos e certas dificuldades. É

É, contudo um jogo individual.
No entanto, jogamos todos no mesmo tabuleiro. Podemos agrupar-nos da forma que quisermos para superar o jogo e tirar o máximo de partido dele, o máximo de diversão. Ou então, isolarmo-nos e tentar sozinhos superar cada obstáculo. Há sempre quem desista, há sempre quem ponha termo ao jogo.

Mas de uma coisa podemos estar certos, é só no final é que podemos saber em que consiste o jogo, quando já não podemos voltar a trás e recomeça-lo. E só aí é que veremos as nossas verdadeiras falhas, as nossas verdadeiras vitórias e derrotas e é com isso que vamos evoluindo. Porque o resto é um amontoado de objectivos que vamos tendo sem saber ao certo que é por ali ou por aqui que devemos caminhar.

E cada pequeno passo pode ser fatal, cada acção, cada dia, cada hora, cada minuto... E por melhor que nos faça sentir cada coisa em cada dia ficará sempre a dúvida se será a melhor jogada.

Do jogar este jogo tenho aprendido, eu que tenho um fascínio brutal pelo jogar em si, que mesmo que esta não seja a melhor estratégia, é muito mais divertido joga-lo com outros do que jogar sozinha. Quatro olhos vêem sempre mais do que dois, não porque serem mais mas porque alcançam mais.






4 comentários:

cegonhagarajau disse...

Excelente análise!
De facto é um jogo que, embora dependendo de uma boa técnica individual, deverá ser jogado colectivamente para que seja mais eficiente e eficaz.
Abraço ilhéu

AlmaAzul disse...

É exactamente isso! Excelente poder de sínteses!
***Azuis

Maria Tuga disse...

Boa jogada...

Jaime Piedade Valente disse...

Nunca mais

Nunca mais
A tua face será pura limpa e viva
Nem o teu andar como onda fugitiva
Se poderá nos passos do tempo tecer.
E nunca mais darei ao tempo a minha vida.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.
A luz da tarde mostra-me os destroços
Do teu ser. Em breve a podridão
Beberá os teus olhos e os teus ossos
Tomando a tua mão na sua mão.

Nunca mais amarei quem não possa viver
Sempre,
Porque eu amei como se fossem eternos
A glória, a luz e o brilho do teu ser.
Amei-te em verdade e transparência
E nem sequer me resta a tua ausência.
És um rosto de nojo e negação
E eu fecho os olhos para não te ver.

Nunca mais servirei senhor que possa morrer.

(Sophia de Mello Breyner)