Que saudade de ti Eugénio. Se ao menos eu soubesse que tu sabes o número de vezes que eu hoje olhei o meu ombro direito à procura da tua mão esquerda cansada dos livros.
Que saudades das dunas de Fão, dos cardos e da tua voz lenta e dos teus passos descompassados ao ritmo das ondas do mar...
Que saudade dos cães a atravessarem-se no teu caminho e a soltarem versos leves.
Que saudade do teu sorriso, quando fazia perguntas que não me respondias.
Se ao menos soubesse que tu sabes que eu continuo a fazer perguntas... e continuo sem ter muitas respostas.
Se ao menos tivesse eu o teu sorriso brando e leve.
Se ao menos eu pudesse repousar silenciosamente ao teu lado manso…
Indeterminadamente... sorrirmos.
O sorriso
Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade
Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.
Eugénio de Andrade
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