10 maio, 2009

no ombro

...

Que saudade de ti Eugénio. Se ao menos eu soubesse que tu sabes o número de vezes que eu hoje olhei o meu ombro direito à procura da tua mão esquerda cansada dos livros.


Que saudades das dunas de Fão, dos cardos e da tua voz lenta e dos teus passos descompassados ao ritmo das ondas do mar...


Que saudade dos cães a atravessarem-se no teu caminho e a soltarem versos leves.


Que saudade do teu sorriso, quando fazia perguntas que não me respondias.


Se ao menos soubesse que tu sabes que eu continuo a fazer perguntas... e continuo sem ter muitas respostas.

Se ao menos tivesse eu o teu sorriso brando e leve.

Se ao menos eu pudesse repousar silenciosamente ao teu lado manso…

Indeterminadamente... sorrirmos.




O sorriso

Creio que foi o sorriso,
sorriso foi quem abriu a porta.
Era um sorriso com muita luz
lá dentro, apetecia
entrar nele, tirar a roupa, ficar
nu dentro daquele sorriso.
Correr, navegar, morrer naquele sorriso.

Eugénio de Andrade

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