“(…)Descemos ambos as escadas do restaurante da ribeira e caminhamos junto ao leito do rio . Paramos junto a um desses ferros colocados nas margens para amarrar os barcos.
Paramos olhando o rio e Gaia serena da outra margem. Eu e tu e o meu silêncio e o teu silêncio.
Talvez tivesse passado muito tempo até interrompesses o silêncio, não me recordo… Normalmente passava…
- Hoje pensei em trazer-te aqui para ver se este lugar te diz algo, pequeno lírio azul.
E quando me preparava para falar, fizeste aquele teu sinal tão característico para eu continuar pensando…
Pensei, pensei mas aquele lugar dizia-me o mesmo desde que paramos junto ao ferro de aportar.
Ganhei coragem para interromper o silêncio quando começamos a caminhar.
- Sabes, Eugénio, este lugar faz-me ver dividida. Às vezes vejo-me assim. Sabes, se tivesse de dize-lo em palavras, diria que um dia hei-de conseguir ser uma rocha dura, segura, imóvel e inabalável e imponente. Serei certamente uma rocha granítica. Pronto pode ser desse granito mais cinza-azulado. E que o outro eu será um veleiro, de velas brancas e velozes, andarei sempre a viajar, irrequieta com o vento a meu lado. É, um dia hei-de ser veleiro e ser rocha.
- Sabia que o concluirias isso.
- Ser veleiro e ser rocha é mau?
- Não, lírio. Não é nem bom nem mau. Cada um de nós tem uma essência em si. E temos de viver com ela.
- Vai ser difícil?
- A vida é difícil.
-Hum… é, mas um dia vou ser isso: veleiro e rocha.
-Vês estes ferros aqui? Isso é o que precisas para conseguir ser veleiro e rocha.
- Como eu consigo isso?
- Mareando, lírio. Mareando. Em algum locar haverá um esperando por ti. Tens de o encontrar. Estão sempre junto à água, mas estão sempre em terra. Podes ser rocha e veleiro. Mas tens de te encontrar.
- Uma flor pode marear?
- Já estas crescidas de mais para seres uma flor.
- Como se chama este ferro.
- Vamos chamar-lhe ferro de aportar?
- Sim. Ferro de aportar soa-me bem. Um dia, irei encontar um... (...)"
*AlmaAzul em Memórias de uma flor.
Paramos olhando o rio e Gaia serena da outra margem. Eu e tu e o meu silêncio e o teu silêncio.
Talvez tivesse passado muito tempo até interrompesses o silêncio, não me recordo… Normalmente passava…
- Hoje pensei em trazer-te aqui para ver se este lugar te diz algo, pequeno lírio azul.
E quando me preparava para falar, fizeste aquele teu sinal tão característico para eu continuar pensando…
Pensei, pensei mas aquele lugar dizia-me o mesmo desde que paramos junto ao ferro de aportar.
Ganhei coragem para interromper o silêncio quando começamos a caminhar.
- Sabes, Eugénio, este lugar faz-me ver dividida. Às vezes vejo-me assim. Sabes, se tivesse de dize-lo em palavras, diria que um dia hei-de conseguir ser uma rocha dura, segura, imóvel e inabalável e imponente. Serei certamente uma rocha granítica. Pronto pode ser desse granito mais cinza-azulado. E que o outro eu será um veleiro, de velas brancas e velozes, andarei sempre a viajar, irrequieta com o vento a meu lado. É, um dia hei-de ser veleiro e ser rocha.
- Sabia que o concluirias isso.
- Ser veleiro e ser rocha é mau?
- Não, lírio. Não é nem bom nem mau. Cada um de nós tem uma essência em si. E temos de viver com ela.
- Vai ser difícil?
- A vida é difícil.
-Hum… é, mas um dia vou ser isso: veleiro e rocha.
-Vês estes ferros aqui? Isso é o que precisas para conseguir ser veleiro e rocha.
- Como eu consigo isso?
- Mareando, lírio. Mareando. Em algum locar haverá um esperando por ti. Tens de o encontrar. Estão sempre junto à água, mas estão sempre em terra. Podes ser rocha e veleiro. Mas tens de te encontrar.
- Uma flor pode marear?
- Já estas crescidas de mais para seres uma flor.
- Como se chama este ferro.
- Vamos chamar-lhe ferro de aportar?
- Sim. Ferro de aportar soa-me bem. Um dia, irei encontar um... (...)"
*AlmaAzul em Memórias de uma flor.
2 comentários:
Ser um veleiro, uma rocha ou até um ferro de aportar, tanto faz. O que importa realmente, é ser nos proprios, sem mascaras nem disfarces :P
filha de safo, pois mas nem sempre é fácil esse encontrar-nos.
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