10 fevereiro, 2006

Comigo não precisam de insistir..eu pego logo.

"Insistir a ver se pega
Assim podia ser definido o comportamento das duas mulheres que, logo após as eleições, se ofereceram para dar rosto à continuação da luta pela legalização do chamado "casamento homossexual". E como as televisões precisam de escândalos para ter audiências, elas aí estão a explorar esse desejo. Junta-se a fome à vontade de comer. Já se sabia que os grupos (políticos) radicais que estão por trás disso não desarmam. São assim: poucos, mas barulhentos, aguerridos, persistentes. Com os curiosos que se vão juntando à sua volta, até parecerem muitos…
Mas, em assunto tão sério, a questão não se pode colocar ao nível do
espectáculo nem do mero juízo moral. A questão tem de se colocar ao nível da razão. O sol não passa a girar à volta da Terra só porque nós queremos e exigimos que seja assim. Na natureza, as modas não ditam leis."*

Bem, tenho de concordar com este/a senhor(a) a quando diz que são aqui utilizados os meios de comunicação social e eles mesmos "vivem" muito às custas disso. E daí?
Há, também, interesses políticos por de trás disto tudo. E daí? Não há interesse por de trás de tudo sejam eles políticos ou não?
Daí a dizer que são "poucos…" isso tem exactamente a mesma validade do que eu vir aqui dizer que são muitos. Na realidade, não se sabe quantos são e mesmo sabendo seria relativo. Para mim comer 2 espargos é comer muitos, e comer dois chocolates é pouco…
Em relação ao espectáculo, se considerarmos essa mesma utilização de meios de comunicação para chamar a atenção da opinião pública, espectáculo, sim será um espectáculo… E daí podemos considerar que há muitos espectáculos por telejornal, o espectáculo do Primeiro Ministro, o espectáculo do Rui Rio, o espectáculo do Presidente da República, o espectáculo do Valentim Loureiro…
Relativamente a colocar isto "ao nível da razão"*… Bem, esse foi o mote pelo qual eu me dou ao trabalho de escrever algo há cerca de um assunto que tento não trazer muito a este espaço, por opção, pois considero este um espaço meu mas aberto a todos, muitos dos quais não têm qualquer interesse em se deparar com assuntos deste teor.
Mas realmente ao ter conhecimento desta publicação deu-me uma certa vontade de ironizar, ou de "estupidizar" e poucas coisas me dão tanto prazer como fazer o gosto aos dedos…
Já agora o que é que as leis tem a ver com a natureza? Alguém me explica? Sim, porque se estamos a falar em casamento e na legislação que o regulamenta, que quanto sei é passível de ser modificada não entendo o que tem a ver com movimentos de translação! E quanto a modas, não me parece muito que esteja na moda já casar… mas se o senhor acha que sim, pronto, não entro por aí.

"1. Antes de mais, a expressão "casamento" nunca pode ser aplicada à união de um par homossexual, porque a palavra casar implica heterossexualidade, implica a união física, afectiva e espiritual de um homem e uma mulher que vivem o seu amor erótico, a sua sexualidade, de uma forma aberta à propagação da espécie. No caso em discussão, trata-se apenas de uma "união" de duas pessoas do mesmo sexo que assim pretendem viver a sua sexualidade. A recente lei inglesa é muito clara a esse respeito. Distingue claramente entre casamento e união homossexual. Quando muito, reconhece direitos sociais a essa união entre duas pessoas do mesmo sexo legalizada."*

Uma definição engraçada arranjada para a palavra casamento, sinceramente gosto dos seguintes pormenores:
- "heterossexualidade"* – a Holanda, a Bélgica, a Espanha, o Canadá e o estado de Massachusetts, usam, segundo este/a senhor(a), um termo incorrecto nas suas legislações.

- "união… espiritual"* – mas afinal alguém me explica o que é isso? Será aquela sentido religioso do termo? As pessoas ainda não podem casar se tiverem religiões diferentes? Será? Hum…estou assim tão desactualizada? Não, será certamente outra coisa que eu como parei o meu desenvolvimento na adolescência ainda não consigo entender…

-"uma forma aberta à propagação da espécie"* – ouçam bem, se não estão a pensar ter filhos esqueçam o casamento não é pra vós… Sim, porque seres como este/a senhor(a), parecem estar em vias de extinção.

_ "…reconhece direitos sociais a essa união entre duas pessoas do mesmo sexo legalizada"*
Bem, se não precisamos de estar casados para viver juntos consegue ver outro motivo forte, para alguém querer casar se não for mesmo pela igualdade dos direitos sociais? Digo eu que não quero casar… mas se calhar até há… de qualquer forma gosto da forma segura com que aplica o "Quando muito, reconhece direitos sociais…"*
Sim, senhor(a) vê-se que é muito Homem/Mulher.

"2. O ser humano completa-se na união do homem e da mulher. O percurso desta união de amor entre Homem e Mulher é semelhante ao percurso da formação do EU diante do não-eu, do Tu. Só depois do Eu ter consciência de si face ao Tu se abre caminho para Nós, para a união de amor. Primeiro, essa atracção faz-se no nível homossexual, quando o adolescente escolhe o seu amigo e confidente, que é como um espelho em si. É a ele que conta os seus segredos e intimidades. Depois, vem a fase seguinte: voltar-se para o outro sexo. É a fase heterossexual. É a atracção do amor para se completarem."*

Hum… parece-me que este/a senhor(a) é o melhor aluno do curso de psicologia da Ceac. Estou aqui a pensar quem será/foi o meu espelho?! Alguém se acusa? Acho que algo não bate certo, o meu melhor amigo era um homem nessa altura, será que era um transgénico e eu nunca reparei?
Serei incompleta? Acho que tenho de voltar para o armário devo ter deixado lá ficar alguma perna e nem reparei… Amor, podias ter-me avisado!

"3. O amor não é apenas um acto ou uma fase, mas um processo evolutivo ao longo da vida. O amor começa por se aprender vivido, na experiência
fenómeno-lógica da criança amada ainda mesmo antes de nascer, para se
ajudar a construir como pessoa. Dessa experiência de receber amor se vai abrindo, à medida que cresce, à dimensão social e depois sexual, com a fase heterossexual e se realiza na transmissão da vida, se chega à fase adulta de oferecer o amor. E, no meio desta experiência, vai descobrindo a dimensão transcendente do amor. O amor passa por varias fases: o amor egocêntrico, o amor narcísico, o amar romântico, o amor erótico, o amor oblativo, o amor místico e o amor transcendente. O amor está presente e acompanha a dimensão total da vida como algo de transcendente que nos cria, nos sustenta na vida, nos transforma e nos eleva. O amor não tem fim."

Bem, eu já tinha ouvido que o amor é algo complicado mas assim tanto?! Mas felizmente, temos aqui alguém que nos explica exactamente e sem nenhuma dúvida tudo o que nos irá acontecer! Isto é tipo tragédia clássica vai da "protasis " passando pela " epitasis", a "katastasis" até à katastrophe … Mas até nas tragédias há desenlaces diferentes… como no amor. Mas aqui não… ele "não tem fim". Pois algo teria de ficar a cargo da criatividade do/a autor(a)…

"4. Falar da homossexualidade com a ligeireza com que se fala é uma atitude pouco racional e de pouco respeito pelo amor. Aquilo que sabemos, até hoje, é que a homossexualidade representa uma fixação num estádio da evolução adolescente, que é aquela em que o adolescente escolhe o amigo do mesmo sexo como seu confidente e alter-ego. É uma fase necessária para a consolidação da consciência do Eu e da sua identidade sexual que desponta a se afirmar à procura do amor. Mas, o normal não é ficar por aí. O processo continua. À descoberta da realização do seu projecto de vida."*

Bem, parece que somos mesmo anormais… Sim, isto tudo deriva da "normal(idade)" para consolidar e afirmar… se não se faz no tempo certo anda-se para aí a tremer tipo gelatina e claro assim a tremer é difícil afirmar correctamente o que quer que seja… tem de haver uma trepidaçãozinha que seja.
É impressão minha ou este/a senhor(a) acabou por n@s chamar atrasados ou retardados ou algo do género??!
Não… deve ser impressão minha. Ele/a só disse que não tínhamos parado, e logo não teríamos prosseguido com o nosso projecto de vida. Logo concluo que seja omnipresente. Senão ainda ia pedir uma indemenização por damos morais.

"5. Porque é que o / a homossexual se fixa nessa fase? Tanto quanto se
sabe, sobretudo por razoes de ordem psicológica na evolução dinâmica da relação pessoal. As razões de ordem genética e endocrinológica estão por provar, até hoje."*

As psicológicas estão mais que provadas? Hum… isto de eu não ver TV tem de acabar, ando desactualizada de mais…

"6. Sem descurar o avanço dos nossos conhecimentos, devia ser no campo do já conhecido que se devia trabalhar no respeito e na dignidade da pessoa humana. E não no campo da luta política-espectáculo."*

Se nos limitamos ao já conhecido, não descuraremos, obrigatoriamente, o avanço dos conhecimentos? Para mim é contraditório… mas quem sou eu pra dizer alguma coisa, visto estar tão desactualizada…
Não sei porque não vejo ninguém chocada com o uso dos meios de comunicação e da "luta política-espectáculo" em casos como direitos dos trabalhadores, direitos dos menores…
Possivelmente estúpidas palavras, estúpidas comparações, mas desculpem-me…
Foi nesse estado, o de estupidez, que eu fiquei ao ler este/a senhor(a).

* M. Ribeiro Fernandes in Diário do Minho, 7 de Fevereiro de 2006
(O texto está reproduzido na forma inegral neste post)

P.S. -Obrigado, ao grupo da Rede Exquo de Braga, por fazer chegar estas pérolas da nossa emprensa regional a todos nós.


4 comentários:

Seamoon disse...

Oi passei ´so par dizer que adorei o blog.Parabens.

mixtu disse...

excelente post, amiga... serviço público da tua parte,
jinhos

Inês Bexiga disse...

o teu texto veio mesmo a calhar e essa senhora nao deve ter a minima noçao do que é ser-se homossexual num pais onde as pessoas se preocupam mais com a vida do vizinho do lado do que com a fome e a guerra no mundo. santa ignorância portuguesa!
muitos parabéns pelo belíssimo post que fizeste e é mesmo de agradecer à Ex-Aequo por coisas destas. eu pouco vejo televisao, porque nao tenho tempo mas ao ler o e-mail que enviaram a todos os users sobre a polémica das duas corajosas aqui de Lisboa, vi e o triste mesmo foi ouvir ministros e partidários dizer que nao é algo de extrema importancia...pergunto que fariam eles se fossem os heterossexuais a seres discriminados.

tenho dito!

bjinhos grandes!
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Anónimo disse...

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